Ontem escutei altas sirenes nas proximidades, continuei cozinhando… depois mais sirenes. Desci para levar o lixo lá fora, eis que avisto labaredas do último andar do prédio da quadra ao lado. Busco a câmera, vou conferir de perto. Encontro moradores ao redor do prédio, uns sem camisa, pegos de surpresa, outros com seus cães a colo. Famílias sentadas na calçada, observando, senhoras de braços dados… Muitos curiosos que passavam de carro, moto ou bicicleta também agregaram, queriam ver os bombeiros em ação. Apesar de numerosos, e já no local há algum tempo, pareciam demorar-se para subir no braço mecânico e apagar as chamas, ou ao menos essa era a impressão de muitos ali presentes “Porque não apagam logo?”. Bem, nada conheço de técnicas e procedimentos dos bombeiros, certamente eles tinham suas razões. Ao fim de cerca de uma hora após o início das sirenes, ação: duas mangueiras extinguem o fogo de um dos lados do prédio. Aplausos. O outro lado, menos acessível, continua a jorrar grandes labaredas pela janela. Um senhor esbraveja que seu apartamento estará todo alagado, penso ser o vizinho de baixo do incêndio, alvo dos jatos iniciais para conter as chamas. Os donos do apartamento não estavam presentes no momento do fogo, como depois fiquei sabendo. Uma fumaça preta coloria o céu noturno. Ouço conversas entre moradores, vejo olhares preocupados, mas vejo uma certa união ali. Uma tragédia, sem dúvidas, mas também uma experiência comunitária… ao menos foi essa minha reflexão. Volto para casa a pé.