A presença humana em um dado espaço/tempo é capaz de modificar esse espaço/tempo? As pegadas impressas, o oxigênio transmutado em gás carbônico, a sombra que o corpo projeta, os sons emitidos: tal presença é de alguma forma sentida pelas partículas do ar, do solo ou da água? É notada pelo pai Tempo ou observada pela mãe Terra?
Em Presente, exploro retratos e autorretratos feitos em longa exposição. O tempo assim estendido permite que o corpo seja atravessado pela paisagem, tornando-se parte dela, obliterado por sua confortável indiferença.
Mas há uma mudança sentida em cada um dos locais visitados. O olho que observa salienta na memória sensações, incita a reflexão daquele que não é mais o mesmo: transformou-se em outro alguém transcorridas as frações de minuto de exposição da câmera, álibi de uma jornada incessante por terras distantes. Aqui não é o homem que deixa rastros sobre a terra que pisa, é a terra que nele imprime rastros de uma nova vivência.
Is the human presence at a given space/time capable of modifying this space/time? Printed footsteps, oxygen turned into carbon dioxide, the shadow projected by the body, emitted sounds: is this presence somehow felt by the particles of air, soil or water? Is it noticed by father Time or felt by mother Earth?
In Present, I explore long-exposure portraits and self-portraits. Time thus extended allows the body to be traversed by the landscape, becoming part of it, obliterated by its comfortable indifference.
But there is change perceived in each of the visited places. The observing eye highlights sensations among memories, incites reflection within the subject, becoming someone else with the passage of fractions of minutes of camera exposure, the alibi of an incessant journey through distant lands. Here, it is not Man who leaves footprints in the ground he stomps; it is the earth that imprints on the subject the tracks of a new, attuned life.