Em 2006 fui a Montreal na compania de meu pai para estudar francês. Antes de nos fixarmos na capital cultural do estado de Quebéc, viajamos por Nova Yorque, Boston e Toronto, onde comprei minha primeira câmera DSLR, uma Canon XT. Até então eu vinha desenvolvendo a fotografia com uma câmera analógica, o que não me permitia uma produção muito ampla e constante, tendo em vista os custos de revelação e a praticidade do sistema. Mal sabia que aquela aquisição mudaria o curso de minha vida.
Ao longo dos quatro meses que habitei Montreal passei inúmeras tardes percorrendo as ruas sem um destino traçado, mas atento às possibilidades imagéticas do cenário que me envolvia. Ali foi nascendo aos poucos uma prática sistemática, adquirindo um propósito, e tornou-se o que hoje considero a minha primeira série fotográfica, entre os hidrantes das ruas e os corredores do metrô. São duas séries, mas que no final das contas são uma só: pessoas que passavam, fantasmas de um instante prolongado, vultos que retornam do distante ano em que tudo começou.
no canto superior direito da imagem acima: eu. Ao meu lado, Omar, amigo mexicano que me acompanhou em algumas empreitadas pela cidade.