Sobre a superfície, o céu é visto em fragmentos,
a dois palmos dessa, revolta-se um punhado de quereres.
O desejo confunde-se com apego e aversão: “quero isso, não gosto daquilo”.
E tão logo percebo o que está fora de meu alcance,
tão logo perco o que nunca me pertenceu, mas que me acolhia, e que deixa saudades.
É tempo de recolhimento, para escoar águas paradas,
ou mesmo para conduzir por outros rumos águas que já corriam velozes.
Correm por pedras sinuosas, por perigosos redemoinhos,
e desaguam sobre um novo braço de rio, onde o sol bate forte.
Sob o olho interior, se bem aberto, os quereres transmutam-se em outros,
ou em vapor, ou encontram seu lugar, tal como são.